Orientação Solar — por que é tão importante levá-la em conta?

Marcela Fazio • 20 de setembro de 2017

Uma breve explicação para te ajudar a entender o movimento do sol e sua importância nas edificações:

Você provavelmente já viu muitos anúncios de imóveis com o termo “face norte” na descrição. Já deve imaginar que este tipo de característica é vantajosa, mas será que você sabe exatamente o porquê?


Eu te explico:


O movimento diurno do Sol, assim como o de todos os outros astros, é de leste para oeste. O que varia de uma estação do ano para outra é a inclinação do sol durante seu trajeto diurno. Primavera e outono — equinócios — se caracterizam por dias e noites iguais, enquanto inverno e verão — solstícios — possuem noites e dias maiores uns que os outros (no verão, os dias são mais longos que as noites; no inverno, temos noites mais longas que os dias).

Isso são termos técnicos, e não há necessidade de dominar o movimento dos astros para entender o que quero lhes explicar.


Vamos ver o que acontece na prática, observando as imagens abaixo:


As ilustrações nos mostram o movimento do sol no hemisfério sul durante o dia nas estações mais extremas do ano: verão (dias mais longos) e inverno (dias mais curtos).


Você consegue perceber que a fachada da casa voltada para o Norte receberá sol inclusive no inverno, enquanto que a voltada para o Sul não recebe sol algum nesta estação mais fria?


É por isso que, no Brasil, os imóveis voltados para o Norte acabam sendo mais saudáveis do que os voltados para o Sul.


Eu disse “mais saudáveis”? Sim, isso mesmo.


A incidência solar frequente evita a formação de fungos e bactérias. Aquece a casa inclusive na estação mais fria (e menos ensolarada) do ano. Traz bem estar a seres humanos, plantas e animais. E pode evitar inclusive muitas complicações de saúde, tais como alergias, problemas respiratórios, reações cutâneas, etc.


Você já notou alguma mudança de humor em dias ensolarados x dias nublados? Eu sou uma pessoa muito mais feliz em dias de sol. Dias nublados, quando acontecem repetidamente, me deprimem. Do mesmo modo, tomar meu café da manhã no terraço do meu apartamento (que é voltado para o norte) me dá uma alegria imensa.


Via de regra: sol da manhã é menos intenso; sol da tarde é mais intenso e pode deixar alguns ambientes muito abafados no verão (neste último caso, tão importante quanto luz solar é também a ventilação).


A arquitetura dispõe de inúmeros recursos para a criação de ambientes com boa eficiência luminosa, térmica, acústica e energética. Porém, por diversos motivos, são pouco utilizados em edifícios residenciais no Brasil. Por exemplo: imóveis voltados para o norte podem se mostrar insuportavelmente quentes em cidades como Rio de Janeiro, Recife, Salvador… Nestes locais, as pessoas tendem a fugir de ambientes com grande incidência solar, principalmente se não houver equipamentos de ar condicionado. Mas podemos resolver esta questão com recursos como brises soleils (e aqui, bem didático) na fachada — que, não raro, são vetados de muitos projetos por conta de custo… (a meu ver, se torna uma economia extremamente burra, pois o valor economizado na solução de fachada será gasto posteriormente na reforma e instalação de equipamentos de ar condicionado, para citar como exemplo — sem mencionar que o ambiente se torna artificial).


Meu conselho de arquiteta e usuária de imóveis: é imprescindível, antes de se instalar num local, estudar a orientação dos cômodos. Visitar o imóvel em diversos horários, dia e noite, pode ser de muita valia.


Espero ter ajudado!

Por Marcela Fazio 1 de julho de 2025
Uma viagem que vai além da Bienal